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Por Laura Riffel Vanti.
Ferramentas como Chat JT e Jus IA estão transformando a prática jurídica com tecnologia e eficiência
Introdução
A Inteligência Artificial (IA) tem ganhado espaço no Judiciário brasileiro, promovendo maior eficiência e modernização em diferentes áreas. A Justiça do Trabalho, por exemplo, já conta com ferramentas como o Chat JT. A advocacia também está sendo beneficiada por soluções como o Jus IA, lançado pela Jusbrasil.
Essas tecnologias estão otimizando rotinas, automatizando tarefas repetitivas e, ao mesmo tempo, trazendo desafios importantes sobre regulamentação, ética e limites do uso da IA.
Chat JT: IA a serviço da Justiça do Trabalho
Lançado no início de 2025, o Chat JT é um sistema de Inteligência Artificial criado pela Justiça do Trabalho. Inspirado em soluções como o ChatGPT, seu objetivo é apoiar os profissionais do Judiciário em diferentes tarefas.
Entre as principais funcionalidades do Chat JT, estão:
- Otimização de pesquisas jurídicas via Sistema Falcão;
- Consultas inteligentes a bases de dados internas;
- Elaboração de ementas conforme o padrão do CNJ;
- Criação de assistentes personalizados para análise de documentos, redação de minutas, resumos e jurisprudência.
Embora o Chat JT ainda esteja restrito a servidores, estagiários e magistrados, ele marca um passo importante rumo à automação responsável dentro do Poder Judiciário.
Jus IA: apoio direto à advocacia
Também lançado em 2025, o Jus IA é uma ferramenta desenvolvida pela plataforma Jusbrasil para apoiar advogados(as) em sua rotina. Ele se apoia em um acervo de mais de 1 bilhão de processos e oferece três funcionalidades principais:
1. Perguntas jurídicas contextualizadas
Permite fazer consultas baseadas em dados estruturados e fontes confiáveis, com linguagem acessível e precisa.
2. Criação de documentos
Gera peças processuais a partir de informações fornecidas pelos usuários.
3. Análise de originalidade
Verifica a autenticidade de trechos e documentos enviados, garantindo mais segurança e evitando plágios.
A ferramenta amplia a produtividade da advocacia e contribui para uma atuação mais estratégica e embasada.
Resolução CNJ nº 615/2025: diretrizes para uso da IA no Judiciário
Para garantir o uso ético e seguro dessas tecnologias, o Conselho Nacional de Justiça publicou a Resolução nº 615/2025, que estabelece normas claras para o uso da Inteligência Artificial no Poder Judiciário.
As principais diretrizes da resolução incluem:
- Supervisão humana obrigatória: todas as decisões com apoio da IA devem ser revisadas por um magistrado.
- Proibição de ranqueamento de pessoas: a IA não pode ser usada para classificar indivíduos com base em dados comportamentais.
- Transparência e auditoria: tribunais devem publicar relatórios regulares sobre o uso de IA.
- Criação do Comitê Nacional de IA: responsável por acompanhar e atualizar as normas técnicas e éticas.
Essa regulamentação é essencial para evitar abusos, proteger direitos fundamentais e preservar a legitimidade das decisões judiciais.
Conclusão: IA como aliada da Justiça, com ética e responsabilidade
A adoção da IA no meio jurídico representa um avanço relevante para magistrados, servidores e advogados. Ferramentas como o Chat JT e o Jus IA não vêm para substituir o trabalho humano, mas sim para potencializar a eficiência, padronização e segurança jurídica.
Com regulamentação clara e supervisão humana garantida, a tecnologia se torna uma aliada indispensável na construção de um Judiciário mais ágil, transparente e acessível.
Quer continuar acompanhando esse tema?
Nos próximos artigos, vamos explorar:
- Casos práticos de uso da IA no Judiciário brasileiro;
- Análise detalhada da Resolução 615/2025;
- Ferramentas de IA voltadas para escritórios de advocacia.
Por Laura Riffel Vanti. Especialista Jurídica no BBMD Advogados. Advogada com pós-graduação em Direito e Processo do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e atualmente mestranda em Direito dos Negócios pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).