A liquidez desempenha papel decisivo na sustentação da economia em períodos de instabilidade. Em cenários de endividamento elevado e crédito restrito — como o brasileiro —, instrumentos que viabilizam a circulação de recursos, como a cessão de créditos, tornam-se estratégicos para manter o consumo e a atividade produtiva.
Como observa Carlos Ragazzo (2025), ampliar a liquidez por meios jurídicos seguros é essencial para corrigir desequilíbrios financeiros e estimular o dinamismo econômico, assegurando que o crédito continue a fluir mesmo em tempos de retração.
Como a falta de liquidez afeta a economia
A falta de liquidez no sistema econômico gera um efeito dominó: o consumo cai, empresas reduzem investimentos e, por consequência, há retração na geração de empregos.
Esse ciclo de escassez tende a se intensificar em momentos de instabilidade, nos quais instituições financeiras se tornam mais conservadoras e o crédito é restrito.
Do ponto de vista jurídico e econômico, a liquidez é o que assegura a circulação de riqueza, um princípio essencial do próprio sistema capitalista.
Sem liquidez, as transações tornam-se mais arriscadas, o que eleva a inadimplência e restringe o financiamento. Ragazzo explica que “A crise de liquidez atual enfrentada por muitas famílias, agravada por altos níveis de endividamento, poderia ser progressivamente revertida, com benefícios tangíveis para o comércio, o varejo e a economia em geral”.
No contexto brasileiro, essa restrição afeta especialmente as famílias endividadas e as pequenas empresas, que dependem de capital de giro para se manter ativas. A consequência prática é o aumento da desigualdade e o agravamento das crises.
Endividamento crítico das famílias brasileiras
Segundo dados recentes do Banco Central (2024), o endividamento das famílias brasileiras atingiu 48,9% da renda anual.
A combinação de inflação persistente, juros elevados e estagnação salarial reduz o poder de compra e amplia o número de inadimplentes. Os dados do principal indicador de inadimplência no país apontam novo crescimento no volume de inadimplentes em agosto. Com 78,8 milhões de endividados, segundo o Serasa.
Nesse sentido, Carlos Ragazzo observa que, em contextos de endividamento crítico, a simples ampliação de crédito não resolve o problema. É necessário criar mecanismos que restabeleçam a capacidade de pagamento.
Nesse sentido, a cessão de créditos surge como ferramenta eficiente para transformar direitos de crédito, como indenizações trabalhistas ou precatórios, em liquidez imediata, reduzindo a pressão financeira sobre os devedores e permitindo que recursos circulem novamente na economia.
Assim, o debate sobre liquidez não é apenas técnico, mas também social: trata-se de garantir condições reais para que famílias e empresas possam cumprir suas obrigações e manter o ciclo econômico em movimento.
Injeção de liquidez com a cessão de créditos
A cessão de créditos é um instrumento jurídico que permite a transferência de um direito de crédito de um credor (cedente) para outro (cessionário), mediante contraprestação.
Essa operação tem potencial macroeconômico, pois promove a injeção de liquidez em setores normalmente travados por morosidade judicial, como o trabalhista e o previdenciário.
Ragazzo afirma que “a injeção de liquidez por meio da antecipação de créditos trabalhistas poderia contribuir para uma melhor alocação de crédito no sistema financeiro, já que instituições financeiras que normalmente hesitariam em oferecer crédito a uma população endividada e negativada veriam uma diminuição significativa do risco de inadimplência ocasionada por uma maior capacidade de pagamento”.
Ou seja, a cessão de créditos transforma um ativo de baixa liquidez, como um crédito judicial, em capital imediato, criando uma via alternativa de financiamento e reduzindo os riscos sistêmicos de inadimplência.
Para advogados e empresas, compreender esse mecanismo é essencial, pois permite não apenas aliviar a situação financeira de clientes, mas também impulsionar o mercado de ativos judiciais e fomentar a economia.
Conclusão
A liquidez é um dos pilares da estabilidade econômica. Em tempos de crise, sua ausência agrava o endividamento e limita o crescimento, enquanto sua injeção, por meio de políticas públicas, instrumentos financeiros ou operações privadas como a cessão de créditos, tem o poder de revitalizar a economia e restaurar a confiança do mercado.
Em um contexto de incerteza e alto endividamento, compreender e utilizar mecanismos de liquidez é uma estratégia não apenas econômica, mas também social e jurídica.
Para se aprofundar nesse tema, baixe gratuitamente o livro “Cessão de Créditos Trabalhistas, Autonomia do Trabalhador e Democratização do Acesso ao Crédito” de Carlos Ragazzo, e entenda como o direito e a economia se unem na construção de um sistema financeiro mais equilibrado.
Referencias:
RAGAZZO, Carlos. Cessão de créditos trabalhistas, autonomia do trabalhador e democratização do acesso ao crédito. São Paulo: Editora JusPodivm, 2025.
BRASIL. Banco Central do Brasil. Endividamento das famílias brasileiras atinge 48,9% da renda anual. Relatório de Estabilidade Financeira, Brasília, 2024.
BRASIL. Serasa Experian. Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil. São Paulo, 2025.
CONJUR – CONSULTOR JURÍDICO. Gargalo da Justiça do Trabalho é a fase de execução. São Paulo, 2024.